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Dependência do celular prejudica jovens

A pandemia do coronavírus trouxe mais um desafio para pais de crianças e jovens na comentada situação, de como lidar diariamente com a questão dos hiperconectados com o mundo. Um celular simples e uma banda larga qualquer, já bastam para colocar todo o mundo tecnológico a disposição da garotada. São horas de exposição às telas e interação com redes sociais. Em algumas situações já se tornou doença, dependência. Porém é inegável que para quem está distante , aproxima.

Agora durante a pandemia, por exemplo, os jovens tiveram na Internet distração, aproximação com amigos e parentes distantes além de terem suas aulas online. Uma experiência que vai marcar. “Eu não era de usar redes sociais, telefone, mas nesse período em casa por conta do isolamento social, a internet foi uma grande aliada. Sem contar que me adaptei perfeitamente as aulas onlines. Ficam gravadas se tiver dúvida retorno e não preciso toda hora questionar o professor, somente quando a dúvida é grande”, constata Bruna Lima estudante do ensino médio

Segundo a psicopedagoga Nadja Pinho, não é possível dizer se a aprendizagem através do ensino remoto é maior ou menor, mas certamente há uma perda. “Pensando que a aprendizagem se dá por um processo, perdemos a questão do compartilhar. Perdemos o convívio, a troca, o aprender fazendo.”

A estudante ainda disse que o que consolou a distância do pai que reside em outro estado foi a vídeo- chamada, “nossa, foi um ano difícil, mas todo dia fazemos uma vídeo chamada.”

Pais de crianças e jovens das gerações Z (nascidos entre 2000 e 2009) e Alpha (nascidos a partir de 2010) enfrentam diariamente o desafio de lidar com uma geração de nativos digitais, que já nasceu em um mundo com tecnologia acessível como nunca antes na história.

A jornalista Lívia Bispo, tem um filho adolescente e diz que conseguiu deixá-lo de fora desse mundo até os dez anos, porque estudava em colégio integral, “ quando saiu do integral eu trabalhando fora não teve jeito, perdi um pouco o controle. Mas tudo tem seu ponto positivo e negativo, na pandemia ele consegui amenizar a distância através das redes, das chamada de vídeos, dos grupos de amigos.O importante é saber usar essa tecnologia.”

É possível notar os efeitos de tanta exposição a telas, especialmente no que se refere ao uso problemático de mídias interativas, popularmente conhecido como dependência tecnológica. De acordo com Luiz Guimarães, psiquiatra da Holiste, esse tipo de vício se equipara ao causado pelo álcool ou drogas. “O que caracteriza uma dependência é o fato de ter uma consequência danosa e mesmo assim a pessoa continuar repetindo aquele comportamento. O vício em tecnologia age como qualquer outro, pois também libera substâncias no cérebro que aprisionam a pessoa”, elucida.

Dificuldade em se afastar do aparelho, impulsividade e agressividade, sono afetado, queda no desempenho escolar, perda de interesse por outras atividades e não querer sair do quarto são sinais de que a criança ou jovem esteja em processo de dependência tecnológica. Nesse caso, é preciso buscar orientação profissional e acompanhamento especializado.

Segundo Nadja, não existe um tempo mínimo ou máximo para exposição a telas. “A OMS sugere uma hora de exposição somente a partir do segundo ano. Já a partir dos três anos, não existe um parâmetro, mas deve ser o mínimo possível devido aos estímulos visuais e sonoros, que afetam todo o desenvolvimento da criança”.

As consequências desse tipo de vício são muitas, “o cérebro da criança, é um órgão em desenvolvimento e só fica ‘maduro’ em torno dos 22 anos. Quando há uma exposição prolongada a telas, podem ocorrer prejuízos na cognição, atenção, aprendizado, capacidade de entender símbolos (não conseguir interpretar um texto), além de problemas físicos pela falta de exercícios”, explica o psiquiatra.

Segundo Luiz, ainda não é possível prever os impactos a longo prazo. “Não temos parâmetros anteriores para comparar. Essa é a primeira geração que nasceu num mundo digital. Mas existem mudanças que já conseguimos perceber”, aponta o psiquiatra.

Um dos principais pontos de atenção é o isolamento. “Essa falta de socialização, de convívio social pode acarretar em uma depressão. Já temos casos de crianças na faixa de oito anos apresentando essa dependência tecnológica”, afirma Nadja.

“É preciso que os adultos supervisionem, interajam, compartilhem daquele momento com a criança ou o adolescente, para que não se tenha a impressão de que o mundo é só ele e a tela”, recomenda a psicopedagoga .

Como uma possível prevenção para o problema, ambos os profissionais apontam a necessidade do acompanhamento familiar. “Uma dependência não se desenvolve do nada. Estamos vivendo em um mundo em que as crianças já nascem com um celular na mão. Esse uso problemático da mídia surge dentro da família, que muitas vezes é ausente ou disfuncional”, pontua Luiz.

Apesar de a pandemia ter intensificado o uso de aparelhos eletrônicos, já acontecia de uma criança ou jovem passar dez horas na frente de uma tela. “É preciso uma supervisão no uso das redes. O que o adolescente quer é estar envolvido, estar em conjunto e isso pode ser propiciado de outra forma que não seja deixar o adolescente à mercê da influência, seja ela física ou virtual”, afirma Nadja. Luiz acredita que devem ser estabelecidos limites e rotinas. “O tratamento tem que incluir a família também, estabelecer regras como limite de horário, evitar usar celular à mesa também são possibilidades.”

Fonte: a tribuna bahia

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