Saúde

Artes maciais ajudam mulheres a combaterem violência e discriminação

Professora e aluna encontraram no esporte a oportunidade para se reconstruir e enfrentar o medo

Com o passar dos anos, as mulheres estão ficando cada vez mais empoderadas e independentes, mas, assim como as conquistas, o preconceito e a violência também vêm crescendo, colocando em risco as suas integridades físicas e emocionais.

Segundo dados do Ministério Público do Estado da Bahia, somente no ano passado, cerca de 10 mil casos de crimes de violência contra mulheres foram denunciados à Justiça. As denúncias são de mulheres vítimas de violência doméstica, feminicídio e outros tipos penais. 

A educadora física Joana Zachariadhes faz parte dessa realidade. Após sofrer agressões de um ex-namorado, ela encontrou no esporte a oportunidade para se reconstruir e enfrentar o medo.  

“Eu fui agredida por um ex-namorado e, com isso, eu comecei a prática do Hapkido. Hoje estou no 1º Dan. Fui três vezes campeã mundial, cinco vezes campeã brasileira e campeã sulamericana”, relata a professora da academia de lutas Shogun Team Pituba.

Joana Zachariadhes, que também é lutadora de jiu-jitsu, segue colecionando títulos e usando a sua história de superação para incentivar outras mulheres a enfrentarem a violência doméstica através de aulas de defesa pessoal.

“Não existe um perfil de mulher para a prática de defesa pessoal. Elas têm curiosidade de saber como é, entram e acabam gostando”, afirma a educadora física.

Traumas

Vítima de tentativas de estupro e abuso sexual na infância e adolescência, a aluna Marcele Louise relata como as aulas de defesa pessoal ajudam a superar o passado e encarar o futuro de uma forma mais segura.

“No Carnaval, um homem me assediou, ele pegou nas minhas nádegas. Acabei reagindo e batendo nele, mas sem nenhuma noção, me colocando em risco. Quando vi uma aula voltada para mulheres e com uma professora mulher, decidi iniciar na luta”, afirma.

Por causa de casos como esse, Joana Zachariadhes realiza um trabalho interdisciplinar, visando o desenvolvimento pleno do corpo e da mente.

“Eu tenho especialização em neuropsicologia. Então, também ajudo na busca de terapia e no final da aula procuro o diálogo para saber como anda a saúde mental, sempre converso com todas as alunas e falo sobre a importância de pedir ajuda”, explica.

Discriminação no esporte

Apesar dos avanços, ainda é possível identificar comportamentos machistas na prática de modalidades esportivas de lutas, conforme relata a aluna Marcele Louise.

“Percebo, em comentários sutis como: “Mas essa aula é leve” ou “mais não é uma luta de verdade”, mostrando a percepção de que por ser para mulheres exigiria menos já que somos mais “frágeis”, ressalta.

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