Salvador

Edson Lopes Cardoso recebe Medalha Zumbi dos Palmares

A homenagem, uma iniciativa de Sílvio Humberto (PSB), aconteceu na terça-feira (28) no Plenário Cosme de Farias

Em sessão solene realizada na terça-feira (28), no Plenário Cosme de Farias, a Câmara Municipal de Salvador homenageou o intelectual Edson Lopes Cardoso, com a Medalha Zumbi dos Palmares.  A iniciativa do vereador Sílvio Humberto (PSB) é resultado de um projeto de resolução aprovado na Casa Legislativa em 2020 por unanimidade.

A Medalha Zumbi dos Palmares é uma honraria concedida a pessoas, grupos ou entidades que se destacam em diversos âmbitos da sociedade na luta pelo combate ao racismo e a favor da cultura afro-brasileira. 

“Para além da contribuição com as discussões para a formulação do Estatuto da Igualdade Racial e da criação da Marcha Zumbi dos Palmares, professor Edson se empenhou em resgatar a identidade afro-brasileira e em denunciar as discriminações e desigualdades praticadas contra pessoas negras”, destacou Sílvio. “Me honra conceder reconhecer a trajetória de quem coletivamente faz uma crítica assertiva sobre a conjuntura política racial do Brasil, mas que, sobretudo, como intelectual orgânico do movimento negro, aponta caminhos, diz o que precisa ser dito com responsabilidade e está sempre disposto ao trabalho de formação. Nesse mês da Consciência Negra, apesar de tantas tentativas de esvaziamento dessa pauta tão cara para nós, saúdo o Zumbi que existe em cada um de nós”, completou.

Edson Cardoso nasceu em Salvador em 1949. É jornalista, professor e ensaísta.  Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (2014), com a tese Memória de Movimento Negro – um testemunho sobre a formação do homem e do ativista contra o racismo. Realizou pós-doutorado em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo.

É militante do Movimento Negro Unificado (MNU) desde os anos 70, destacando-se por seu trabalho junto à imprensa negra, sendo editor de algumas importantes publicações, dentre as quais Raça & Classe, da Comissão do Negro do PT-DF (1987), e o Jornal do MNU (1989-1994). Entre 1996 e 2010 editou o jornal Irohín, que hoje dá nome ao Centro de Documentação, Comunicação e Memória Afro-brasileira. 

Cardoso foi conduzido ao Plenário Cosme de Farias pela filha Inaê Cardoso e a irmã, Elizabeth Cardoso, sob aplausos dos presentes e ao som de Tempo Rei, entoada pela cantora Savannah Lima.  Amigos de longa data que não puderam comparecer enviaram mensagens que foram transmitidas através de um telão da Câmara.

Compuseram a mesa a professora doutora e escritora, Ana Flauzina; a diretora pedagógica do Instituto Cultural Steve Biko, Jucy Silva; a professora doutora em Educação, Ana Célia; o secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo da Bahia, Felipe Freitas, e o vereador Sílvio Humberto.

Em seu pronunciamento, o intelectual relembrou eventos históricos e fatos importantes da vida política, e fez reflexões coletivas fundamentais. “Estamos em movimento, precisamos continuar a fazer política, dar condução, dizer que sim é possível.  Precisamos falar sobre e criminalizar o racismo. A política pública nunca foi em benefício da população negra, mas se somos maioria, então, como foi que chegamos até aqui?”, questionou.  “A resposta dessa pergunta é um tesouro, o maior tesouro da questão brasileira. Não houve reparação com a abolição.  Não havia nada para nós, mas sim perspectivas de extermínio de pessoas negras. Chegamos aqui por nossa própria conta. Isso é força, não é fraqueza.  Precisamos resgatar esse percurso pois sem ele não há futuro”, concluiu.

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